A produção de alfaces sob painéis fotovoltaicos revelou resultados surpreendentes na Cátedra de Energias Renováveis (CER) da Universidade de Évora, no pólo da Mitra. O projeto, desenvolvido no âmbito da CER em colaboração com o Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), mostrou que o sombreamento parcial dos painéis solares quase duplicou a produção de alfaces durante o verão, em comparação com plantas cultivadas a céu aberto.
A investigação decorreu entre junho e agosto e contou com a participação dos investigadores visitantes Mireia Correll (Universidad de Sevilla) e David Perez (Universidad Politécnica de Madrid), em cooperação com equipas da Universidade de Évora.
O estudo comparou o crescimento de alfaces em duas condições: sob a sombra dos painéis fotovoltaicos e em exposição solar direta, num verão em que as temperaturas frequentemente ultrapassaram os 40 ºC. As plantas foram irrigadas por sistema de conta-gotas, testando diferentes caudais de água em ambas as situações.
Os resultados foram claros: algumas alfaces cultivadas junto aos painéis solares ultrapassaram as 500 gramas em apenas 30 dias, enquanto as alfaces expostas ao sol pleno apresentaram crescimento limitado, afetadas pelo calor excessivo e radiação direta. Para além de maior produtividade, verificou-se uma utilização mais eficiente da água e uma qualidade superior-alfaces mais tenras e saborosas.
As alfaces colhidas foram distribuídas pela comunidade universitária do Pólo da Mitra. A análise preliminar sugere ainda que esta prática pode prolongar a época de cultivo da alface no Alentejo, permitindo manter elevados níveis de produtividade e qualidade mesmo nos meses mais quentes do ano.
